Estamos, assim como todo o Brasil, quase sem palavras com essa partida tão precoce do ícone do feminejo. Porém, algumas precisam ser ditas.

Marília Mendonça é um dos maiores fenômenos da música brasileira, com um lugar marcado em nossos corações e história musical.  Representante brilhante das mulheres no mercado da música, revolucionou o estilo mais tocado no país (sertanejo) ao compor e cantar as angústias femininas. Com talento enorme e sua alegria contagiante, trouxe toda a “sofrência” para a voz de multidões, tornando-se sucesso de norte a sul do país e conquistando o merecido título de rainha. 

Apesar de hoje o sofrimento ser outro, com artistas e público enlutados e profundamente emocionados prestando suas homenagens à cantora, o seu exemplo e legado são o que perdurará, abrindo espaço para que outras avancem em sua luta e conquistem ainda mais.

Sua saída dos bastidores, onde compôs grandes sucessos de outros artistas, para quebrar preconceitos e conquistar o seu lugar no topo das paradas e da música sertaneja, são o combustível e inspiração para o crescimento expressivo das compositoras na música.

O mundo da música nunca mais será o mesmo, após a passagem de Marília Mendonça. Trabalhando anos ao lado da Abramus (Associação que representava a cantora), assistimos admirados as suas conquistas e o espaço que abriu para outras ocuparem. 

Nesta luta permanente pelo respeito dos direitos autorais, vimos sua voz ampliar as barreiras do debate, alcançando outras camadas até então pouco discutidas. Não que fosse exatamente uma ativista, porém sua verdade era tão grande ao realizar seu trabalho, que isso transbordava e iluminou essa caminhada de busca de igualdade e respeito da última década.

Que outros seres iluminados tomem para si a tocha que Marília não poderá mais carregar. Nós nos encarregaremos de não deixar que se apaguem suas conquistas, sempre relembrando ao mundo o talento que surgiu em Goiás e nos encantou a todos.

Descanse em paz, rainha. Seu reino está em boas mãos.